Exame pode detectar excesso ou falta de minerais no organismo
ADRIANA RESENDE
da Folha Online
Todo mundo sabe que precisamos de diversos tipos de substâncias em nosso organismo: vitaminas, proteínas e minerais. Você já deve ter ouvido falar que exames no sangue, na urina e no fio de cabelo
podem controlar os níveis desses minerais no organismo. Doses excessivas de minerais tóxicos, como o chumbo e o mercúrio, ou baixas quantidades de minerais nutrientes, como o boro ou o ferro, podem afetar o cérebro e o metabolismo.
O mineralograma já é feito desde a década de 80. No início, as doses de minerais no corpo eram analisadas separadamente, mineral por mineral, ou agrupando alguns. Mas aparelhos utilizados nos EUA desde 96 e que chegaram ao mercado brasileiro em julho deste ano podem revolucionar a realização desse exame, se for comprovada a sua eficácia.
As pesquisas no Brasil duraram cerca de dois anos e foram coordenadas pelo professor Joaquim Nóbrega, da Ufscar (Universidade Federal de São Carlos), pelo laboratório de química inorgânica BioMinerais, de Campinas (SP), e pelo bioquímico Henry Okigami, de Goiânia.
A análise conjunta tem por objetivo baratear o custo do exame, já que o tempo que se levaria para dosar um elemento é hoje gasto com 20 amostras. Mas ainda assim o custo é elevado. A BioMinerais, laboratório que utiliza o ICP no Brasil desde junho deste ano, cobra R$ 80 e não faz convênios, já que visa como clientes os próprios laboratórios, hospitais e médicos, não o próprio paciente. A entrega dos resultados demora cerca de duas semanas.
Sangue, cabelo ou urina?
O mineralograma é feito no Brasil principalmente a partir de fios de cabelo. Mas no exterior análise do sangue e da urina também é muito utilizada. Há diferenças entre esses três tipos de exame. A oservação do fio de cabelo mostra a quantidade de minerais presentes por um período pequeno, menor que uma semana. O sangue permite o diagnóstico do estado do paciente por até 60 dias. O diagnóstico por meio da urina serve para verificar, durante o tratamento, se as substâncias tóxicas em excesso estão sendo liberadas do organismo, e, consequentemente, se o tratamento está dando resultado.
Para quem esse exame serve?
Os médicos que utilizam a terapia ortomolecular são os que mais indicam esse exame. Mas ele é utilizado também no acompanhamento de pacientes com problemas cardíacos e no controle dos níveis de metais tóxicos em trabalhadores da indústria química ou de metalúrgicos.
"Usamos a coleta de sangue e de urina para controle da saúde dos trabalhadores expostos a metais tóxicos ou produtos químicos, como solventes. Mas não usamos o exame do fio de cabelo", diz o presidente da Associação Nacional de Medicina do Trabalho, Casimiro Pereira Júnior. Ele explica que, em medicina do trabalho, a taxa de metais tóxicos e de produtos químicos presentes no ar é verificada com frequência. Se estiver acima de 50%, é considerada excessiva, e os trabalhadores também passam por exames preventivos e podem até ser impedidos de continuar trabalhando, para não provocar danos à saúde.
Mas há quem prefira não pedir apenas o mineralograma como diagnóstico. "É um erro usar esse exame como único método diagnóstico. Não posso, por exemplo, deixar de tratar com insulina pacientes que têm diabetes e me basear apenas na taxa de minerais no corpo. Em pessoas com câncer, a administração de doses corretas de minerais pode diminuir os efeitos colaterais, mas não posso interromper o uso dos remédios. Esse exame é mais uma arma terapêutica, não pode ser a única", diz o endocrinologista Antônio Carlos Minuzzi.
A Sociedade Brasileira de Alergia e Imunologia também não recomenda a utilização desse exame. "Nas alergias de pele graves, pode haver um envolvimento do zinco. As alergias de contato mais frequentes são provocadas por sulfato de níquel, que pode ser transmitido através do botão da calça jeans, por exemplo. Mas nós não aconselhamos a utilização desse exame como diagnóstico em nenhum tratamento de alergia", afirma Ana Paula Moschione Castro, diretora da regional paulista da Sociedade Brasileira de Alergia e Imunologia.
Fontes utilizadas nesta reportagem: entrevista com Rosângela Costa Massarotto Carcamano, diretora do laboratório BioMinerais, de Campinas, (tel.: 0/xx/19/213-3668), entrevista com o bioquímico Henry Okigami (tel.: 0/xx/62/229-0565), entrevista com a diretora da Sociedade Brasileira de Alergia e Imunologia, Ana Paula Moschione Castro, entrevista com o presidente da Associação Nacional de Medicina do Trabalho, Casimiro Pereira Jr., entrevista com o endocrinologista Antônio Carlos Minuzzi (tel.: 0/xx/51/249-2002 ou 249-8843), entrevista com o médico ortomolecular e homeopata Fernando Requena (tel.: 0/xx/11/5051-1090)
Curiosidades sobre minerais*
Que tipos de cogumelo que contém lítio?
Tenho 15 anos, e preciso saber se a minha queda de cabelo é pela falta de lítio. Pois sou estressado por causa dos estudos, e também não me alimento direito. Quero saber quais os tipos de cogumelo que contém lítio.
Leitor: Wellington
Para saber se você necessita de lítio , você pode fazer um simples exame de dosagem de lítio no sangue , ou então fazer um mineralograma do fio do cabelo ou do sangue
Os cogumelos comestíveis que mais têm lítio são os: SHITAQUE .
Quais os minerais e nutrientes essenciais na manutenção do bom-humor
Gostaria de esclarecimentos sobre quais os minerais e nutrientes essenciais, que devem ser ingeridos para que um ser humano, nao sofra de depressão, angústia, ansiedade e que ajude na manutenção do bom humor? Gostaria, também, de saber se é interessante fazer algum exame que detecte falta de algum mineral. Grato pela atenção.
Leitor: Jaime
Os minerais a serem complementados no nosso organismo são todos aqueles considerados nutrientes, excluindo-se os metais pesados (tóxicos).
Como suplemento de minerais especifícos para um quadro mental e depressivo, há, por exemplo, o magnésio, considerado o mineral do bom-humor, e o manganês, ligado a atos de violência.
Uma pesquisa com detentos de alta periculosidade num presídio americano demonstrou uma alteração nos níveis de manganês no sangue e no cabelo dessas pessoas. O fato é que, se déssemos mais manganês para os meninos da Febem ou mesmo para presos das cadeias publicas, por exemplo, poderíamos esperar um comportamento ainda pior no que tange à violência urbana.
O fósforo é um mineral reconhecidamente ativo no cérebro. Daí a famosa expressão "Sua memória está ruim, você precisa de fósforo". O mesmo acontece com o zinco, que também age na memória.
Já que estamos ilustrando com histórias, vamos a outra. Trata-se também de uma pesquisa americana, com crianças repetentes de escolas públicas. Verificou-se que elas apresentavam níveis baixos de zinco. Feita uma reposição nutricional através de suplementos, essas crianças voltaram a ter um desempenho semelhantes ao das não-repetentes.
O que se constatou é que a memória fotográfica e visual melhora muito quando o zinco está em equilíbrio no organismo.
O lítio é um outro mineral essencial à saúde humana. É importantíssimo no equilíbrio emocional e age em casos como os de ansiedade e depressão, ou mesmo nas oscilações entre esses dois extremos.
Através de exames mineralógicos em brasileiros, pode-se afirmar que o solo do país é pobre desse mineral. As verduras, legumes e frutas, portanto, têm pouco do elemento em suas estruturas. Para suprir essa carência e corrigir as distorções emocionais, já existem no mercado farmacêutico vários medicamentos à base de lítio.
Efeitos do mercúrio vão de hiperatividade à perda de apetite
Gostaria de saber mais a respeito do ciclo do mercúrio na cadeia alimentar e seus possíveis prejuízos a saúde humana.
Leitora: lourdes
O mercúrio é um elemento tóxico para os seres humanos e animais. A sua detecção pode ser feita através de um mineralograma do cabelo ou do sangue.
O mineral tóxico mercúrio pode causar uma hiperatividade em humanos, principalmente nas crianças chamada hiperativas, ele também vai levar a uma desordem neuromuscular como contrações, dores, tremores, cãibras, diminuição de força.
Ele também pode levar a uma perda de apetite.
Quando o mercúrio está acima dos níveis de tolerabilidade, vai expulsar o mineral selênio, que é de fundamental importância ao organismo humano, como, por exemplo, na atividade cardíaca, como um excelente antioxidante. O selênio é um carreador de células neoclássicas para fora do corpo etc.
O mercúrio é utilizado nas ligas de amálgama das restaurações dentárias e pode contaminar quando é colocado nos reparos, como também pode ser absorvido na boca durante a retirada, que deve ser cautelosa. Mas o nível alto de mercúrio leva a dores de cabeça e irritabilidade cerebral.
Alguns alimentos marinhos podem estar contaminados com mercúrio. Medicações para hemorróidas contêm mercúrio, como é o caso de mercúrio-cromo, também em agentes clareadores de pele. Em particular atenção àqueles peixes que são pegos na região de garimpo, pois o mercúrio. Isso porque o mineral é utilizado na separação do ouro e depois desprezado para dentro do rio, e o peixe, quando vê algo brilhando, come, vai impregnar suas carnes, e a carne do peixe vai contaminar quem comê-la.
Acredito ter-lhe dado mais informações sobre o metal tóxico mercúrio.
...estou à procura de alimentos que contenham lítio, para que eu possa usá-los como um preventivo...
Ando procurando desesperadamente, em quais alimentos (Verduras/legumes/carnes/stc), exista o metal lítio. Tomo um medicamento à base de Carboidratos+Lítio, e sei que o lítio é que me auxilia realmente no tratamento contra a depressão. Já fiz uma tentativa de parar de tomar o remédio, mas não durou muito, em pouco tempo estava instável e precisei retornar ao lítio. Baseado nisso, estou à procura de alimentos que contenham esse metal, para que eu possa usá-los como um preventivo tambem. (Na reportagem, verifiquei que Gengibre e Nozes, possuem lítio. Existe algum alimentos mais específico ainda? Muito obrigado...Abraços... Agradeço desde já a atenção...
Leitor:Daniel
Olá, Daniel. Em resposta à sua pergunta, gostaria de indicar um aminoácido muito comum, que faz com que o mineral lítio tenha uma assimilação pela membrana celular duplicada, quando tomado junto (lítio e glicina). A glicina é um facilitador na entrada do lítio na célula. Em trabalhos feitos nos EUA, foi administrado 1 g desse aminoácido. Eu acredito que isso responde à sua pergunta, pois mais natural que isso não existe, a não ser os alimentos que citei no artigo.
Tenho queda de cabelos, herpes, problemas de memória sérios...
Há muitos anos eu sofro de depressão, o que piora muito na menstruação, além de sofrer uma sensasão de anemia quando fico menstruada. Faço exames hormonais que sempre se apresentam normais. Como a depressão é muito forte e constante...posso dizer que é diária e que apenas se agrava no período menstrual, fico sempre imaginando se não é o excesso ou a falta de algum componente químico no meu organismo.
Tenho queda de cabelos, herpes, problemas de memória sérios que chegam a interfeir na minha vida profissional e pessoal (meu marido diz que eu tenho "gagueira mental", pois esqueço palavras simples como ônibus, cadeira etc, e acontecimentos do meu dia a dia; com relação a minha profissão, aprendo, entendo, absorvo e de repente me dá brancos...é horrível, principalmente porque uma das minhas funções é dar treinamento, e as palavras me fogem); Gostaria de saber se esses fatos podem ser proveniente de excesso ou falto de alguma substância no organismo e, aqui no Rio de Janeiro, onde posso procurar ajuda.
Leitora: Adriana
Cara amiga Adriana , você conseguiu agregar dois problemas crônicos para as mulheres e que ocorrem muito frequentemente em conjunto. O quadro de estar se sentindo como uma anêmica ocorre porque todas as suas forças são eliminadas pela menstruação, pois saem pelos coágulos os nutrientes, como os minerais, vitaminas e proteínas. E a anemia e não é tão incomum. Como você mesmo se refere, queda de cabelo e memória fraca são sintomas de carência de vitaminas e minerais: sugiro tentar repor as suas deficiências, ver se o seu problema não é um hipotireoidismo subclínico.
Existem também casos de intoxicaçoes por metais pesados, como o mercurio e chumbo que poderiam refletir um quadro como esse.
E no Rio de Janeiro tem uma médica que eu acredito que possa lhe ajudar. O nome dela é Fatima Christina Cardoso, o consultório dela fica na av. das Américas, nº 1.917, sala 224. O tel. é 0/xx/21/431-1124.
Quais os alimentos que possuem lítio?
Gostaria de saber quais os alimentos que possuem lítio? Sofro de mau humor matinal crônico, quais alimentos posso comer que melhore o humor? Obrigada!
Leitora: Margarete de Souza Duarte
Margarete, obrigado por ter lido e respondido à materia sobre o lítio. Como você bem assimilou, o teor carencial do lítio leva a quadros de mau humor oscilatório, ora efusivo, entusiasta e cheio de idéias, ora mau humor com quadros depressivos e um baixo-astral. Sabemos que quando ingerimos o lítio com o aminoácido glicina, ocorre uma aceleração de assimilação na membrana celular. Mas eu indico para você comer bastantes sementes e grãos integrais: o gengibre também possui um alto teor de lítio.
Fernando Requena, médico homeopata e ortomolecular
Entenda a roda dos minerais
da Folha Online
A roda dos minerais mostra quais elementos têm ligação com outros. Essa ligação pode ser prejudicial, mas também complementar.
Um exemplo é a relação entre o cobre e o zinco. Eles são minerais complementares, mas opostos. Assim, se uma pessoa tem uma alimentação rica em zinco, vai diminuir a quantidade de cobre presente no organismo.
Quem come muita alface e não come couve, por exemplo, pode ter deficiência de ferro. Por isso, é necessário saber dosar a presença desses minerais, para que um não elimine totalmente o outro.
Periodicamente, a Folha Online vai dar dicas de alimentos que você deve ou não deve comer, para evitar excesso ou falta de minerais.
Fonte: Fernando Requena - médico ortomolecular e homeopata
"Não dá pra tomar sais minerais sem saber do que o corpo precisa"
da Folha Online
A professora de inglês Neide Escribano, 52, fez o exame mineralógico pela primeira vez há dois anos. Na época, seu cabelo foi a parte do corpo escolhida para a análise. Depois disso, já fez o mineralograma por meio do sangue duas vezes. O último, feito em julho, detectou falta de sódio.
"Agora eu estou tomando medicamentos que repõem esse sódio. Você não pode ficar tomando sais minerais sem saber do que o corpo precisa realmente", diz ela.
Neide considera o exame indispensável no tratamento de reposição de minerais, que é um dos pontos principais da terapia ortomolecular. "Eu me sinto bem fazendo esse controle e o combate aos radicais livres. Saúde pra mim é prioridade."
A professora reconhece, porém, que esse é um método diagnóstico que nem todos podem procurar. "É caro, e os planos de saúde não cobrem. Tive que abrir mão de outras coisas em nome da minha saúde, que considero essencial", ressalta.
Exame pode detectar excesso ou falta de minerais no organismo
ADRIANA RESENDE
da Folha Online
Todo mundo sabe que precisamos de diversos tipos de substâncias em nosso organismo: vitaminas, proteínas e minerais. Você já deve ter ouvido falar que exames no sangue, na urina e no fio de cabelo
podem controlar os níveis desses minerais no organismo. Doses excessivas de minerais tóxicos, como o chumbo e o mercúrio, ou baixas quantidades de minerais nutrientes, como o boro ou o ferro, podem afetar o cérebro e o metabolismo.
O mineralograma já é feito desde a década de 80. No início, as doses de minerais no corpo eram analisadas separadamente, mineral por mineral, ou agrupando alguns. Mas aparelhos utilizados nos EUA desde 96 e que chegaram ao mercado brasileiro em julho deste ano podem revolucionar a realização desse exame, se for comprovada a sua eficácia.
As pesquisas no Brasil duraram cerca de dois anos e foram coordenadas pelo professor Joaquim Nóbrega, da Ufscar (Universidade Federal de São Carlos), pelo laboratório de química inorgânica BioMinerais, de Campinas (SP), e pelo bioquímico Henry Okigami, de Goiânia.
A análise conjunta tem por objetivo baratear o custo do exame, já que o tempo que se levaria para dosar um elemento é hoje gasto com 20 amostras. Mas ainda assim o custo é elevado. A BioMinerais, laboratório que utiliza o ICP no Brasil desde junho deste ano, cobra R$ 80 e não faz convênios, já que visa como clientes os próprios laboratórios, hospitais e médicos, não o próprio paciente. A entrega dos resultados demora cerca de duas semanas.
Sangue, cabelo ou urina?
O mineralograma é feito no Brasil principalmente a partir de fios de cabelo. Mas no exterior análise do sangue e da urina também é muito utilizada. Há diferenças entre esses três tipos de exame. A oservação do fio de cabelo mostra a quantidade de minerais presentes por um período pequeno, menor que uma semana. O sangue permite o diagnóstico do estado do paciente por até 60 dias. O diagnóstico por meio da urina serve para verificar, durante o tratamento, se as substâncias tóxicas em excesso estão sendo liberadas do organismo, e, consequentemente, se o tratamento está dando resultado.
Para quem esse exame serve?
Os médicos que utilizam a terapia ortomolecular são os que mais indicam esse exame. Mas ele é utilizado também no acompanhamento de pacientes com problemas cardíacos e no controle dos níveis de metais tóxicos em trabalhadores da indústria química ou de metalúrgicos.
"Usamos a coleta de sangue e de urina para controle da saúde dos trabalhadores expostos a metais tóxicos ou produtos químicos, como solventes. Mas não usamos o exame do fio de cabelo", diz o presidente da Associação Nacional de Medicina do Trabalho, Casimiro Pereira Júnior. Ele explica que, em medicina do trabalho, a taxa de metais tóxicos e de produtos químicos presentes no ar é verificada com frequência. Se estiver acima de 50%, é considerada excessiva, e os trabalhadores também passam por exames preventivos e podem até ser impedidos de continuar trabalhando, para não provocar danos à saúde.
Mas há quem prefira não pedir apenas o mineralograma como diagnóstico. "É um erro usar esse exame como único método diagnóstico. Não posso, por exemplo, deixar de tratar com insulina pacientes que têm diabetes e me basear apenas na taxa de minerais no corpo. Em pessoas com câncer, a administração de doses corretas de minerais pode diminuir os efeitos colaterais, mas não posso interromper o uso dos remédios. Esse exame é mais uma arma terapêutica, não pode ser a única", diz o endocrinologista Antônio Carlos Minuzzi.
A Sociedade Brasileira de Alergia e Imunologia também não recomenda a utilização desse exame. "Nas alergias de pele graves, pode haver um envolvimento do zinco. As alergias de contato mais frequentes são provocadas por sulfato de níquel, que pode ser transmitido através do botão da calça jeans, por exemplo. Mas nós não aconselhamos a utilização desse exame como diagnóstico em nenhum tratamento de alergia", afirma Ana Paula Moschione Castro, diretora da regional paulista da Sociedade Brasileira de Alergia e Imunologia.
Fontes utilizadas nesta reportagem: entrevista com Rosângela Costa Massarotto Carcamano, diretora do laboratório BioMinerais, de Campinas, (tel.: 0/xx/19/213-3668), entrevista com o bioquímico Henry Okigami (tel.: 0/xx/62/229-0565), entrevista com a diretora da Sociedade Brasileira de Alergia e Imunologia, Ana Paula Moschione Castro, entrevista com o presidente da Associação Nacional de Medicina do Trabalho, Casimiro Pereira Jr., entrevista com o endocrinologista Antônio Carlos Minuzzi (tel.: 0/xx/51/249-2002 ou 249-8843), entrevista com o médico ortomolecular e homeopata Fernando Requena (tel.: 0/xx/11/5051-1090)
Luta contra radicais livres é alvo
da terapia ortomolecular
ADRIANA RESENDE
da Folha Online
O prefixo "orto", na língua portuguesa, significa correto. É exatamente a busca dessa correção no equilíbrio das moléculas do organismo o objetivo da terapia ortomolecular.
Criada na década de 60, a terapia biomolecular _ou ortomolecular_ foi desenvolvida a partir dos trabalhos de Linus Pauling (1901-94), cientista que foi o único homem a ganhar duas vezes sozinho o Prêmio Nobel –de Química, em 1954, e da Paz, em 1962.
Trata-se da bioquímica e da genética molecular aplicadas à medicina. É uma espécie de monitoramento do combate que o organismo trava com os radicais livres, os subprodutos do organismo. Na defesa estão os 45 nutrientes que formam cada célula do corpo.
"É muito grande a diferença entre os resultados obtidos com a medicina ortomolecular e a medicina convencional. Por isso prefiro aplicar as técnicas da medicina ortomolecular ", diz o geriatra Virgílio Ferreira Arena, 54, que trata de pacientes com doenças crônicas, como hipertensão, diabetes e reumatismo, em uma clínica de São Paulo.
Ele explica que é possível verificar a dosagem de minerais como alumínio, cromo, selênio e zinco dentro das células. A falta ou o excesso dessas substâncias e de vitaminas A, D, E e K pode provocar baixa resistência das células, depressão e alterações no nível de glicose no sangue. A análise de doses de tais substâncias é feita por meio de exames nos fios de cabelo e no sangue, por exemplo.
O médico Adjar Mendes, 49, de Belo Horizonte, é estudioso das técnicas ortomoleculares há dez anos. Especialista em nutrologia, pediatria, geriatria e gerontologia (estudos de aspectos sociais do envelhecimento), ele ressalta que a análise do fio de cabelo é importante para diagnosticar intoxicações ocupacionais, de pessoas que trabalham próximas a metais tóxicos, como cádmio, alumínio, mercúrio ou chumbo.
"Mas é preciso ser, no mínimo, clínico geral. Não é só receitar vitaminas. A ortomolecular é uma terapia exclusivamente médica, e não estética. Ela deve complementar o trabalho que o próprio médico já faz", reforça.
Segundo o médico Efraim Olzwer, 45, de São Paulo, o sentido da terapia é profilático. "É preciso identificar os fatores que possam acelerar o envelhecimento, para depois combatê-los", afirma.
Ele concorda que a administração de suplementos nutricionais deve ser feita por médicos especialistas."Os efeitos colaterais existem. Podem ocorrer alterações hematológicas (sanguíneas), mas muito raramente."
Ele ressalta, porém, que cada paciente deve receber doses de nutrientes adequadas ao seu caso. "Há contra-indicações: mulheres grávidas devem evitar a vitamina A nos três primeiros meses", diz o médico.
Busca do equilíbrio
Estresse, depressão, emagrecimento, gastrite ou simples prevenção, muitas são as razões que levam o paciente a procurar a terapia ortomolecular. Em muitos casos, a técnica acaba levando ao diagnóstico de outros problemas.
Foi o que aconteceu com a analista programadora Karla Cristina Neves, 26. Ela conta que procurou esse tipo de tratamento com o objetivo de emagrecer e depois tratou também de depressão.
"Eu só chorava, às vezes nem sabia por quê. Já tinha tentado de tudo: não conseguia emagrecer. Aí descobri que estava com falta de lítio, o que me deixava depressiva." O tratamento de Karla, feito em 98, durou cerca de seis meses. Depois disso, ela diz não ter tido mais sintomas de depressão e até ter conseguido emagrecer.
A advogada Denise Cássia Garcia, 41, também se diz satisfeita com o tratamento. "Fui ao médico preventivamente, apenas pra ver se estava tudo bem. Eu não tinha nada de grave: só um pouco de má digestão, cansaço e dor de estômago, às vezes, e ele me receitou remédios homeopáticos. Mas eu me senti bem por saber que não tinha nenhum problema sério, e que, em termos de radicais livres, que causam envelhecimento, eu não tinha excesso", diz.
Essa é também a opinião da juíza Sandra Neves, 54. Por indicação de amigos, ela procurou um especialista em terapia ortomolecular para solucionar problemas de estresse e falta de memória. O tratamento, iniciado em 98, durou um ano.
"Minha recuperação foi excelente. Os remédios, uma mistura de alopatia e homeopatia, diminuíram a sonolência e estimularam a circulação do meu cérebro. Eu até quero voltar lá pra fazer uma revisão", diz.
Controvérsias
Ainda hoje as terapias desse gênero provocam controvérsias. Apesar do sucesso entre pacientes e médicos de várias especialidades, o CFM (Conselho Federal de Medicina) não reconhece a ortomolecular como uma especialidade médica e proíbe sua utilização em alguns casos, como o combate ao envelhecimento ou a administração de altas doses de vitaminas e sais minerais.
Segundo o presidente do CFM, Edson de Oliveira Andrade, 44, a terapia ortomolecular é indicada apenas em alguns casos, como a retirada do excesso de metais pesados no organismo. "Essa história de inibir o aparecimento de radicais livres é conversa. Só tem uma maneira de inibir a produção desses radicais. É você parar de comer e de respirar", afirma.
Para ele, a primeira obrigação do médico é não causar danos ao paciente, e a segunda, trazer benefícios.
"A reposição de vitaminas e sais minerais já existe há séculos. E não há nada que comprove que essa técnica de intervir no processo de envelhecimento ofereça benefícios. À medida que se acumulem essas evidências favoráveis, o CFM pode até mudar seu parecer".
Adjar Mendes, contudo, discorda: "é a velha história. Se eu não conheço, significa que não existe. É o desconhecimento que traz a opinião contrária".
Virgílio Arena reforça: "a única explicação é o desconhecimento. Não há nada nessa modalidade de medicina que não seja estudado pela bioquímica".
O nutrologista Durval Ribas Filho diz que a hipervitaminose, alta administração de doses de vitaminas, é que torna o tratamento ortomolecular passível de contestação científica.
"Vitaminas e minerais são importantes para evitar a ferrugem das células. Mas doses altas, como mais de 1,5g de vitamina E ou mais de 5g de vitamina C por dia, podem causar problemas hepáticos e transtornos durante o metabolismo dos alimentos. Como são lipossolúveis, não se dissolvem, eles ficam acumuladas no organismo", conclui.
Iridologia é método diagnóstico
da Folha Online
A iridologia é uma forma de diagnosticar através da observação da íris, que é a porção colorida do olho. Na íris estão registradas a constituição orgânica e suas características e comportamentos.
"No começo eu não acreditei. Mas fui observando durante cerca de dois anos com uma lupa. Por exemplo: se havia um paciente com problema renal, eu verificava se tinha alguma correlação, comparando o mapa do olho. Hoje eu faço o inverso. Verifico os olhos pra dizer o que ele tem", conta o médico Fernando Requena, que fez especialização em Iridologia na Califórnia e terapia ortomolecular em Chicago.
Por que o olho reflete isso? "Por que são fibras paralelas que estão boiando sobre o humor vítrio. Nessas fibras estão as terminações de cada órgão. Qualquer alteração é muito sutil e de fácil percepção.
Tanto as alterações quanto as regressões tornam-se visíveis", complementa Requena. A iridologia é um método diagnóstico alternativo de triagem. A partir daí, é só fazer a comprovação com os exames laboratoriais, radiológicos, ultrassonográficos específicos.
"Assim, evita-se pedir exames desnecessários. A idéia é fazer um check-up dirigido", completa o médico.
Características psicológicas
Dá até para falar da parte psicológica. O mapa mostra. Por exemplo: quem é egoísta, suicida, presunçoso etc. "Mas, não costumo entrar nesse tipo de detalhe, para não ser chamado de guru", arremata Requena.
Saiba como atuam o chumbo e o lítio
da Folha Online
CHUMBO
As vias de excreção preferenciais do chumbo são a bílis e o sistema respiratório. A absorção de chumbo varia com a idade.
Intoxicação
A intoxicação aguda pelo chumbo é rara. Normalmente ocorre pela ingestão de compostos de chumbo solúvel em ácidos ou pela inalação de vapores. A intoxicação crônica é caracterizada por um aumento da pressão arterial e por sintomas neuromusculares. Crianças com níveis elevados de chumbo sérico têm menor desempenho escolar.
LÍTIO
São recentes as evidências de que o lítio pode ser essencial ao ser humano, ou ao menos, útil para a normalização da saúde humana. Os sais de lítio são bem absorvidos, rápida e quase totalmente no trato gastrointestinal. Após absorção, o lítio se acumula nos líquidos extracelulares, depois se deposita em vários órgãos diferentes.
Bioquímica e metabolismo
O mecanismo desse efeito farmacológico é ainda desconhecido. O lítio parece estar relacionado com a função das células sanguíneas. Existe uma bomba de lítio/sódio nos eritrócitos. A formação de neutrófilos e plaquetas pode ser estimulada pelo lítio.
Fonte: https://www1.folha.uol.com.br/folha/equilibrio/equi20000726_iris.shtml